quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

[literatura] entrevista com samantha holtz

Imagem: acervo pessoal da autora.

Olá pessoal!

Como estava meio difícil pensar em um post pra essa coluna nesta semana, decidi republicar uma entrevista que fiz com a autora Samantha Holtz, autora de "O Pássaro", para a primeira edição da Brasil Literando, revista digital da qual faço parte, e que achei bem legal ter a chance de fazer. Espero que gostem!


Brasil Literando: Qual sua opinião sobre o nosso atual mercado literário nacional?
Samanta Holtz: Olá! Em primeiro lugar, obrigada pelo convite para a entrevista logo na primeira edição da “Brasil Literando”. Fico lisonjeada! Bem, já faz anos que batalho por um espaço no mercado literário e a verdade é que eu nunca havia visto tanto espaço e tanto incentivo ao autor nacional como vejo hoje. Não somente as editoras têm aberto suas portas e oferecido alternativas aos novos autores como também o público e os blogs literários estão participando ativamente desse movimento, lendo mais obras nacionais, divulgando, incentivando, promovendo e participando de eventos que apoiam a causa. Eu mesma sou fruto deste momento e deste movimento! Não teria conseguido tanto destaque se não fosse por meus leitores e parceiros, que me divulgam e promovem. Sou infinitamente grata a eles! Analisando de um modo geral, é claro que ainda existem obstáculos a serem superados e preconceitos a serem quebrados. Vejo, contudo, que estamos caminhando na direção certa, rumo à superação dessas barreiras e ao despontar de verdadeiras joias da literatura nacional, que finalmente serão devidamente reconhecidas pelas editoras e pelo público.

BL: Como autor iniciante, qual foi o maior obstáculo que enfrentou até conseguir a publicação de seu primeiro livro?
SH: Tive tantos! O maior deles, que acredito ser o mesmo da maioria dos iniciantes, é conseguir despertar o interesse das editoras sendo que você ainda é anônimo, sem agente literário, apenas você e seu sonho batendo à porta deles. Ou, ainda, conseguir que o seu original se destaque de alguma forma meio a tantos que eles recebem diariamente para analisar! Sim, eu era teimosa: mirava direto as grandes editoras! (risos) Levei incontáveis “nãos”. Contudo, não me sinto ressentida. Entendo totalmente o lado delas, que, do ponto de vista comercial, precisam garantir seu crescimento no mercado e parte disso é investir preferencialmente em grandes nomes. Claro que é arriscado investir em um anônimo, por melhor que seja o seu trabalho! É por isso que, como mencionei na questão anterior, fico feliz em ver que as editoras estão abrindo novas alternativas justamente para atender a esses novos autores e não desperdiçar os talentos ainda desconhecidos que batem à sua porta.

BL: Antes de entrar para o mercado editorial qual era a sua visão sobre ele?
SH: Acredito que era a mesma que tenho hoje; um mercado em que é muito difícil de se dar o primeiro passo e, uma vez dentro dele, é preciso batalhar duro para conseguir seu espaço na estante e no coração dos leitores. Já imaginava que seria assim, nunca tive a ilusão de que o reconhecimento e o sucesso viriam sem esforço. Conseguir uma boa publicação é difícil, mas é apenas a ponta do iceberg! Hoje, tenho uma visão mais realista do que isso significa. Por parte do público, confesso que me surpreendeu tamanho incentivo e valorização dos novos nacionais! Eu não tinha blog literário, não participava de nenhuma rede social... Quando comecei a me aventurar por este mundo virtual (justamente por causa do livro), foi uma surpresa muito boa ver que os leitores e os blogueiros, em sua esmagadora maioria, estão aí para nos dar todo o apoio! Isso é digno de ser destacado e aplaudido.

BL: Quem se interessa pelo mundo editorial provavelmente sabe que muitas editoras nacionais cobram seus autores para publicar a primeira edição de seu livro, algumas vezes até mesmo privando o autor de receber os royalties devidos. O que você pensa desta atitude tomada pelas editoras?
SH: Para as editoras, lançar um novo autor no mercado é um risco: pode dar muito certo, e também pode dar muito errado. Isso é uma realidade para qualquer ramo comercial e até mesmo em nossa vida pessoal. Um novo namorado, um novo funcionário, um novo produto no mercado... É sempre uma caixinha de surpresas! Vejo essa postura das editoras como uma forma de minimizarem seus riscos, e já vi vários sistemas diferentes serem oferecidos ao autor iniciante para sua primeira publicação. Em alguns casos, o investimento do autor é baixo ou nulo, no entanto, a distribuição ou a divulgação também o são. Em outros, o investimento é mais alto, mas o autor conta com um trabalho mais apurado ou uma distribuição mais ampla. Cabe ao autor analisar se a proposta oferecida é interessante ou não. Pesar os prós, os contras e quais as suas intenções com a publicação. Conheci amigos que queriam publicar apenas pelo prazer de ver seu livro impresso, sem grandes pretensões. Então, optaram de cara por bancar uma impressão de baixa tiragem, com baixo custo e pouca distribuição. Outros têm ambições maiores e insistem em tentar a publicação tradicional, sem custos. Eu era uma dessas pessoas. Até que recebi uma proposta de uma ótima editora para a publicação do meu romance “O Pássaro”. Vi que havia um investimento a ser feito, na primeira edição, o que me fez refletir: já havia recebido propostas de publicação também com desembolso, mas a forma de trabalho das editoras não me era interessante. Fazia anos que eu tentava publicar sem custos, e dificilmente conseguiria. E a proposta que eu havia recebido era para um trabalho de alta qualidade, com distribuição em todo o Brasil por um valor que eu recuperaria, se trabalhasse com afinco. Então, aceitei o desafio! Hoje, menos de um ano após a publicação, já vendi todos os exemplares que eu tinha e precisei adquirir mais, os quais também estão no fim. Além disso, tive o reconhecimento da editora, que firmou comigo um contrato de longo prazo, agora no sonhado “sistema tradicional sem custos”! Estou contando isso para exemplificar àqueles que pensam em ingressar nesse mercado que não importa qual o sistema escolhido pelo autor; o que importa é a parcela do seu próprio empenho. Todas essas coisas boas só aconteceram comigo porque, no instante em que assinei o contrato com a editora, firmei também um compromisso comigo mesma: dar meu máximo para conquistar o meu espaço, subindo meus degraus sem jamais pisar em alguém. Então, se a editora cobra ou não, se é caro ou se é barato, isso acaba se tornando o de menos! O segredo está na postura do autor.

BL: Indo para um lado mais pessoal, quando você tinha 7 anos, já tinha em mente o que queria ser agora?
SH: Eu já tinha uma vaga ideia do que queria (risos)! Aos sete anos, eu tinha um grande sonho: ser redatora do Mauricio de Souza! Era apaixonada pelos gibis dele (como tantas crianças!) e sonhava em trabalhar em seus estúdios. Então, já praticava: reunia uma pequena pilha de folhas sulfite, grampeava no meio, dobrava... e fazia minhas historinhas! Minha mãe guardou e, hoje, temos uma caixa cheia desses gibis! Aos poucos, um pouco mais velha, comecei a sair do esquema de “quadrinhos” e escrevia historinhas com começo, meio e fim, sempre ilustradas (eu desenhava e minha irmã pintava!!!). Inclusive, há alguns dias, minha irmã Vanessa encontrou a folha de um antigo diário meu. Pela minha letra, eu devia ter uns 9 anos. Nela, eu dizia: “gosto muito de escrever, pois faço gibis e livros”! Então, mesmo tendo outros sonhos normais à infância (ser professora, ser veterinária...), a paixão pela escrita foi percebida muito cedo e sempre teve um espaço especial em meu coração.

BL: Na mesma idade, você imaginava que chegaria até onde chegou hoje?
SH: Nem sonhava! Ser escritora era um sonho distante demais, para mim.

BL: Qual seu maior sonho ainda não realizado?
SH: Ver minhas obras nas listas dos mais vendidos do Brasil... e ter meu trabalho exportado para outros países. Quero saber, um dia, que meus livros foram lidos por milhares de pessoas e tocaram inúmeros corações em todas as partes do mundo!

BL: Quais livros te inspiraram a começar a escrever pela primeira vez?
SH: Acredito que foram os primeiros romances que li, com cerca de nove ou dez anos de idade. Eram ambos da “Coleção Primeiro Amor”; um se chamava “Meu Primeiro Namorado” (Callie West) e o outro, “Ensaio de um Beijo” (Elizabeth Bernard). Desde que os li, me tornei declaradamente apaixonada por ler e escrever romances!

BL: Quando recebeu a resposta do editor, aceitando publicar O Pássaro, qual foi sua reação?
SH: Eu recebi o e-mail quando estava no trabalho. Quando abri e li que eles aceitariam publicar, minha primeira reação foi virar uma estátua! A segunda foi pegar o telefone e discar o ramal da minha irmã (uma das minhas “duas fãs número um”) e falar, com a voz meio rouca: “Tati... recebi um sim!”. Ficamos as duas em uma conversa meio desconexa, ambas não acreditando! (risos) Eu achava que tinha entendido errado, que ainda faltava alguma etapa da análise, mas não: era um sim! Então, quando cheguei em casa para almoçar, foi uma verdadeira festa... todos em casa dividiam esse sonho comigo e comemoramos muito! Digo que o dia praticamente virou um feriado (risos); ninguém conseguia trabalhar, ninguém conseguia fazer nada, só falar nisso!

BL: Para terminar a entrevista, um bate-bola rápido.
Um filme que marcou sua vida: “Sociedade dos poetas mortos”
Um livro favorito: “A Lição Final” – Randy Pausch
Uma cor: Laranja!!!
Uma comida/cozinha: Nhoque da minha mãe!
Uma música que não consegue tirar da cabeça: “Two is better than one” – Boys Like Girls
Uma pessoa especial: Meu avô, o “Careca”. Ele é único!

Quem quiser acessar as duas edições que já foram lançadas da Brasil Literando é só clicar aqui.


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2 comentários:

  1. Samanta me conquistou totalmente com "Quero Ser Beth Levitt". Agora estou louca para ler "O Pássaro" e vou acompanhá-la sempre de pertinho para saber das novidades.

    Se bem me lembro onde vi "Quero Ser Beth Levitt" pela primeira vez, acredito que tenha sido página inicial do Skoob... Acertei em cheio clicando naquela capa encantadora!

    Muito sucesso para essa linda!

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    Respostas
    1. Marcela, eu ainda preciso ler os livros da Samantha! Mas pretendo fazer isso esse ano ainda hehe

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