Imagem: acervo pessoal da autora. |
Olá pessoal!
Como estava meio difícil pensar em um post pra essa coluna nesta semana, decidi republicar uma entrevista que fiz com a autora Samantha Holtz, autora de "O Pássaro", para a primeira edição da Brasil Literando, revista digital da qual faço parte, e que achei bem legal ter a chance de fazer. Espero que gostem!
Brasil Literando: Qual
sua opinião sobre o nosso atual mercado literário nacional?
Samanta Holtz: Olá! Em
primeiro lugar, obrigada pelo convite para a entrevista logo na
primeira edição da “Brasil Literando”. Fico lisonjeada! Bem, já
faz anos que batalho por um espaço no mercado literário e a verdade
é que eu nunca havia visto tanto espaço e tanto incentivo ao autor
nacional como vejo hoje. Não somente as editoras têm aberto suas
portas e oferecido alternativas aos novos autores como também o
público e os blogs literários estão participando ativamente desse
movimento, lendo mais obras nacionais, divulgando, incentivando,
promovendo e participando de eventos que apoiam a causa. Eu mesma sou
fruto deste momento e deste movimento! Não teria conseguido tanto
destaque se não fosse por meus leitores e parceiros, que me divulgam
e promovem. Sou infinitamente grata a eles! Analisando de um modo
geral, é claro que ainda existem obstáculos a serem superados e
preconceitos a serem quebrados. Vejo, contudo, que estamos caminhando
na direção certa, rumo à superação dessas barreiras e ao
despontar de verdadeiras joias da literatura nacional, que finalmente
serão devidamente reconhecidas pelas editoras e pelo público.
BL: Como autor iniciante,
qual foi o maior obstáculo que enfrentou até conseguir a publicação
de seu primeiro livro?
SH: Tive tantos! O maior
deles, que acredito ser o mesmo da maioria dos iniciantes, é
conseguir despertar o interesse das editoras sendo que você ainda é
anônimo, sem agente literário, apenas você e seu sonho batendo à
porta deles. Ou, ainda, conseguir que o seu original se destaque de
alguma forma meio a tantos que eles recebem diariamente para
analisar! Sim, eu era teimosa: mirava direto as grandes editoras!
(risos) Levei incontáveis “nãos”. Contudo, não me sinto
ressentida. Entendo totalmente o lado delas, que, do ponto de vista
comercial, precisam garantir seu crescimento no mercado e parte disso
é investir preferencialmente em grandes nomes. Claro que é
arriscado investir em um anônimo, por melhor que seja o seu
trabalho! É por isso que, como mencionei na questão anterior, fico
feliz em ver que as editoras estão abrindo novas alternativas
justamente para atender a esses novos autores e não desperdiçar os
talentos ainda desconhecidos que batem à sua porta.
BL: Antes de entrar para
o mercado editorial qual era a sua visão sobre ele?
SH: Acredito que era a
mesma que tenho hoje; um mercado em que é muito difícil de se dar o
primeiro passo e, uma vez dentro dele, é preciso batalhar duro para
conseguir seu espaço na estante e no coração dos leitores. Já
imaginava que seria assim, nunca tive a ilusão de que o
reconhecimento e o sucesso viriam sem esforço. Conseguir uma boa
publicação é difícil, mas é apenas a ponta do iceberg! Hoje,
tenho uma visão mais realista do que isso significa. Por parte do
público, confesso que me surpreendeu tamanho incentivo e valorização
dos novos nacionais! Eu não tinha blog literário, não participava
de nenhuma rede social... Quando comecei a me aventurar por este
mundo virtual (justamente por causa do livro), foi uma surpresa muito
boa ver que os leitores e os blogueiros, em sua esmagadora maioria,
estão aí para nos dar todo o apoio! Isso é digno de ser destacado
e aplaudido.
BL: Quem se interessa
pelo mundo editorial provavelmente sabe que muitas editoras nacionais
cobram seus autores para publicar a primeira edição de seu livro,
algumas vezes até mesmo privando o autor de receber os royalties
devidos. O que você pensa desta atitude tomada pelas editoras?
SH: Para as editoras,
lançar um novo autor no mercado é um risco: pode dar muito certo, e
também pode dar muito errado. Isso é uma realidade para qualquer
ramo comercial e até mesmo em nossa vida pessoal. Um novo namorado,
um novo funcionário, um novo produto no mercado... É sempre uma
caixinha de surpresas! Vejo essa postura das editoras como uma forma
de minimizarem seus riscos, e já vi vários sistemas diferentes
serem oferecidos ao autor iniciante para sua primeira publicação.
Em alguns casos, o investimento do autor é baixo ou nulo, no
entanto, a distribuição ou a divulgação também o são. Em
outros, o investimento é mais alto, mas o autor conta com um
trabalho mais apurado ou uma distribuição mais ampla. Cabe ao autor
analisar se a proposta oferecida é interessante ou não. Pesar os
prós, os contras e quais as suas intenções com a publicação.
Conheci amigos que queriam publicar apenas pelo prazer de ver seu
livro impresso, sem grandes pretensões. Então, optaram de cara por
bancar uma impressão de baixa tiragem, com baixo custo e pouca
distribuição. Outros têm ambições maiores e insistem em tentar a
publicação tradicional, sem custos. Eu era uma dessas pessoas. Até
que recebi uma proposta de uma ótima editora para a publicação do
meu romance “O Pássaro”. Vi que havia um investimento a ser
feito, na primeira edição, o que me fez refletir: já havia
recebido propostas de publicação também com desembolso, mas a
forma de trabalho das editoras não me era interessante. Fazia anos
que eu tentava publicar sem custos, e dificilmente conseguiria. E a
proposta que eu havia recebido era para um trabalho de alta
qualidade, com distribuição em todo o Brasil por um valor que eu
recuperaria, se trabalhasse com afinco. Então, aceitei o desafio!
Hoje, menos de um ano após a publicação, já vendi todos os
exemplares que eu tinha e precisei adquirir mais, os quais também
estão no fim. Além disso, tive o reconhecimento da editora, que
firmou comigo um contrato de longo prazo, agora no sonhado “sistema
tradicional sem custos”! Estou contando isso para exemplificar
àqueles que pensam em ingressar nesse mercado que não importa qual
o sistema escolhido pelo autor; o que importa é a parcela do seu
próprio empenho. Todas essas coisas boas só aconteceram comigo
porque, no instante em que assinei o contrato com a editora, firmei
também um compromisso comigo mesma: dar meu máximo para conquistar
o meu espaço, subindo meus degraus sem jamais pisar em alguém.
Então, se a editora cobra ou não, se é caro ou se é barato, isso
acaba se tornando o de menos! O segredo está na postura do autor.
BL: Indo para um lado
mais pessoal, quando você tinha 7 anos, já tinha em mente o que
queria ser agora?
SH: Eu já tinha uma vaga
ideia do que queria (risos)! Aos sete anos, eu tinha um grande sonho:
ser redatora do Mauricio de Souza! Era apaixonada pelos gibis dele
(como tantas crianças!) e sonhava em trabalhar em seus estúdios.
Então, já praticava: reunia uma pequena pilha de folhas sulfite,
grampeava no meio, dobrava... e fazia minhas historinhas! Minha mãe
guardou e, hoje, temos uma caixa cheia desses gibis! Aos poucos, um
pouco mais velha, comecei a sair do esquema de “quadrinhos” e
escrevia historinhas com começo, meio e fim, sempre ilustradas (eu
desenhava e minha irmã pintava!!!). Inclusive, há alguns dias,
minha irmã Vanessa encontrou a folha de um antigo diário meu. Pela
minha letra, eu devia ter uns 9 anos. Nela, eu dizia: “gosto muito
de escrever, pois faço gibis e livros”! Então, mesmo tendo outros
sonhos normais à infância (ser professora, ser veterinária...), a
paixão pela escrita foi percebida muito cedo e sempre teve um espaço
especial em meu coração.
BL: Na mesma idade, você
imaginava que chegaria até onde chegou hoje?
SH: Nem sonhava! Ser
escritora era um sonho distante demais, para mim.
BL: Qual seu maior sonho
ainda não realizado?
SH: Ver minhas obras nas
listas dos mais vendidos do Brasil... e ter meu trabalho exportado
para outros países. Quero saber, um dia, que meus livros foram lidos
por milhares de pessoas e tocaram inúmeros corações em todas as
partes do mundo!
BL: Quais livros te
inspiraram a começar a escrever pela primeira vez?
SH: Acredito que foram os
primeiros romances que li, com cerca de nove ou dez anos de idade.
Eram ambos da “Coleção Primeiro Amor”; um se chamava “Meu
Primeiro Namorado” (Callie West) e o outro, “Ensaio de um Beijo”
(Elizabeth Bernard). Desde que os li, me tornei declaradamente
apaixonada por ler e escrever romances!
BL: Quando recebeu a
resposta do editor, aceitando publicar O Pássaro, qual foi sua
reação?
SH: Eu recebi o e-mail
quando estava no trabalho. Quando abri e li que eles aceitariam
publicar, minha primeira reação foi virar uma estátua! A segunda
foi pegar o telefone e discar o ramal da minha irmã (uma das minhas
“duas fãs número um”) e falar, com a voz meio rouca: “Tati...
recebi um sim!”. Ficamos as duas em uma conversa meio desconexa,
ambas não acreditando! (risos) Eu achava que tinha entendido errado,
que ainda faltava alguma etapa da análise, mas não: era um sim!
Então, quando cheguei em casa para almoçar, foi uma verdadeira
festa... todos em casa dividiam esse sonho comigo e comemoramos
muito! Digo que o dia praticamente virou um feriado (risos); ninguém
conseguia trabalhar, ninguém conseguia fazer nada, só falar nisso!
BL: Para terminar a
entrevista, um bate-bola rápido.
Um filme que marcou sua
vida: “Sociedade dos poetas mortos”
Um livro favorito: “A
Lição Final” – Randy Pausch
Uma cor: Laranja!!!
Uma comida/cozinha:
Nhoque da minha mãe!
Uma música que não
consegue tirar da cabeça: “Two is better than one” –
Boys Like Girls
Uma pessoa especial: Meu
avô, o “Careca”. Ele é único!
Quem quiser acessar as duas edições que já foram lançadas da Brasil Literando é só clicar aqui.
Samanta me conquistou totalmente com "Quero Ser Beth Levitt". Agora estou louca para ler "O Pássaro" e vou acompanhá-la sempre de pertinho para saber das novidades.
ResponderExcluirSe bem me lembro onde vi "Quero Ser Beth Levitt" pela primeira vez, acredito que tenha sido página inicial do Skoob... Acertei em cheio clicando naquela capa encantadora!
Muito sucesso para essa linda!
Marcela, eu ainda preciso ler os livros da Samantha! Mas pretendo fazer isso esse ano ainda hehe
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